segunda-feira, 12 de março de 2012

Courbet, Schopenhauer e o sexo.


"A vontade se mostra, aqui, independente do conhecimento e funciona cegamente, como numa natureza inconsciente. (...)Devido a isso, os órgãos reprodutores são, adequadamente, o foco da vontade e formam o pólo oposto ao cérebro, que é o representante do conhecimento. (...)Eles são o princípio que sustenta a vida - garantem a vida eterna; por essa razão, eram dorados pelos gregos no 'phallus', pelos hindus no 'lingam'. (...) Hesíodo e Parmênides diziam, de forma muito sugestiva, que Eros é o primeiro, o criador, o princípio do quel se originam todas as coisas. A relação dos sexos (...) é, na realidade, o invisível ponto central de todos os atos e condutas, e está se deixando entrever em toda parte, apesar de todos os véus lançados sobre ela. É a causa das guerras e o fim da paz; a base do que é sério e o alvo da pilhéria; a inexaurível fonte de espírito, a chave de todas as ilusões, e o significado de todas as insinuações misteriosas. (...)Nós a vemos, a todo instante, sentar-se, como a verdadeira e hereditária senhora do mundo, pela plenitude de sua própria força, no trono ancestral; e de lá, com um olhar de desdém, rir dos preparativos para confiná-la, aprisioná-la ou, pelo menos, limitá-la e, sempre que possível, mantê-la escondida e mesmo assim dominá-la a fim de que ela só apareça como uma preocupação subordinada, secundária da vida."

(Arthur Schopenhauer: 'O mundo como vontade e ideia', 1819, in Will Durant: 'A história da filosofia')

Imagem: Gustave Courbet, 'A origem do mundo', 1866.

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